Sempre penso que a pergunta (crédito ou débito, senhor)? é mais um teste do que um questionamento. Esse cara não tem 13,00 reais na conta corrente? Que pessoa! Isso é o acho que estão pensando. Ele não tem míseros 13,00 reais na conta, que desastre. Os filhos devem estar passando fome e ele aqui, comprando paçoca. A mulher só pode estar falsificando passaportes paraguaios, coitada. Aposto que gasta o Bolsa Família em sequilhos, o vagabundo e (aproveitando) fora PT.
Quando insisto na resposta “no crédito”, fico imaginando também um monte de gente, correndo atarantada de lá pra cá dentro do cartão de crédito. Eles gritam “anota 13,00 em paçoca. Anota 8,15 em café. 8,15 em café?!?!? Esse cara está no aeroporto? E vai pagar 8,15 no crédito?”.
Mas o que me faz prender a respiração mesmo é depois que digo “no crédito”. 13 reais. Há um tempo entre o “no crédito” e a pergunta sobre querer ou não a nota. Nessa hora tensa, penso na paçoca que tenho na mão. E saio correndo.
Remarcom 