Remarcom

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retratação

Desencontros têm uma força descomunal. Desencontrados vivem como que num cárcere. Por mais que consigam mandar bilhetes, que marquem na parede os dias presos e invisíveis, por mais que estejam ali por motivos legítimos, desencontros não têm como rivalizar com o poderoso mistério dos encontros que são tão profundos que superam mesmo quem os representa. Você não precisa acreditar no que escrevo, nem o encontro precisa que você o entenda, mas algo fala nesse momento com tua alma. Sussurra nos sinais, observe. Canta em melodias enluaradas. Aparece em livros e nas cartas.Está na cama, enquanto você mexe os pés. Dói nos erros. Te dissolve nas decepções. Às vezes você pensa que morre, mas não. Que foge, mas não. Que nem existe, mas não. Ele te cumprimenta, nasce em você, te sabe e te sorri, é um espetáculo que amedronta, daí o desejo que nem tivesse acontecido. Existem encontrados e encontradas, não importa o que a gente compreenda como real. Existe um portal para ambos, chamado encontro. Sua força tem amor, conforto, acolhimento e perdão. Não por qualquer coisa que seja, mas pelo muito e pelo pouco que somos.Quando o encontro abre os braços para seus desencontrados e os apresenta, é mais do que o poder do pleno em atuação. É o mistério fazendo o que o mistério faz.