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Quando a felicidade some

O Contardo Calligaris tem um pensamento legal, desenvolvido no “O Sentido da Vida”, onde nos convida a procurar mais pelo interessante do que pelo feliz em nossas vidas. O texto foi escrito um tempo antes de sua morte, é simples e bom, além de contar histórias gostosas de se conhecer. As janelas estão fechadas e talvez permaneçam assim para além do eterno. Então vou me preparando como dá, entre angústias e uma quebra de braço contra o seu suma. Qualquer que seja o caso, motivos ou decisões, está escrito: estou inscrito, sou heliógrifo, vivo tatuado em todas as formas sempre a fora. Como diz o Thiago de Mello, “a barra do amor é que ele anda meio ermo. A barra da morte é que ela não tem meio termo”. Ler e lembrar dessas coisas num domingo pode não ser prudente, mas é o que vive em mim e que por isso, me divide. Então percebi que o que há de feliz nas coisas é o que as torna interessantes. Não posso simplesmente ir, não é possível. Posso resistir à dor, tão cheia de meios termos. Posso olhar daqui para a janela fechada e mandar felicidade daqui onde está ermo.