Remarcom

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Sem ponto final

Começava as cartas contando a data, é fundamental saber quando. Também norteava o tempo, o momento, a hora do dia, o que via, algum acontecimento, o caminho, a comida, aquele naco da vida dividida feito um bolo, um gole de coca, compartilhamento, sentido, sentimento, presença e silêncio, era a troca possível e o possível pode ser largo e profundo. Escrever é ser. Ler é estar. Somos amor no infinito do plural, temos erros de concordância, somos consoantes, consistentes, crônicas, estamos crônicos, nos lemos em bold, nos revisamos em braille, nos conhecemos com todas letras. Sós, somos somos sem nós, sem sintaxe, frase solta, verbo irregular, sujeitos ocultos. No entanto, fomos descritos um para o outro. Fomos escritos no instante eterno da palavra vestida de sempre.