Remarcom

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Vejo

Nem tudo é o que parece, você vê o rosto ali? Eu percebo alguém cabisbaixo, barba branca, uma reflexão em andamento. Nesse parque, exatamente ali, me levei arrastado por anos. Essa árvore me deu colo e acolhimento e o lugar, uma vista, um horizonte. Eu me julgava abandonado ali, relegado ao país dos descartes. Era porque assim entendi que fosse, era porque assim foi entendido. Em outros tempos, me supus invisibilizado e inexistente, o que tinha um aspecto real. Afinal, eu falava com uma árvore, o que me colocava em contato com a trupe dos abraçadores, ainda me coloca, já que me queixei com ela, que me deu essa foto meio triste, meio me contando o que há de mim dentro dela. Tenho uma seca, um rio desaguado, o desterro , um lodo, um redemoinho, uma febre, um dói que começa dentro e que transpassa a pele, a falta que pede, a falta que impede, a falta que desalinha, a falta que só vê, come e sente a falta do sempre.