
No meio da rua, de frente pro nada, com vista pra grama. Como assim “não existe flor azul”? Tem sim senhora. Vive ali, num canto de calçada. Na maior parte do tempo, fica aberta aos visitantes, sempre tão distraídos de si. Dos porquês, do será? Do quem, da onde e quando. É linda, baixa e breve a florzinha azul. Não têm nada de acanhadas, chegam aos montes, andam de turma e parecem um asterisco, dezenas deles, balançando com o vento.
Delicadas e resistentes, gostam de grama e de lugares baldios. Justo nesses espaços onde o nada é um acontecimento, há shows regulares de elementos, pequenos matinhos maquiados pra ninguém, micuins, rosetas, formigas e latas de coca.
Ali, na costeira da calçada, acenei para o filho e vi uma flor azul. Tão linda e boa de ver que me alegrou mesmo não te vendo. Parecia um asterisco no vento e lembrei de novo, queria te contar, descansar e oferecer colo. Uma florzinha azul me lembrou você. O que não lembra? ***