
Eis uma frase e tanto.
Completa, seria ” O preço da liberdade é a eterna vigilância “. Trata-se de uma afirmação estranha, já que liberdade e vigilância moram em cômodos separados e praticamente não se falam.
Em nome da liberdade, a vigília. Você pode ser livre, mas não vai conseguir dormir. No lugar disso, andará atento e alerta, numa constância desassossegada que mantém os olhos eternamente arregalados.
A sensação do eterno vigilante da liberdade é de que um exército Vikings o espreita. Que uma força está sempre prestes a invadir seus territórios reais ou imaginados. Que a qualquer momento o sonho bom mostrará seu lado sombrio. Eles têm, mas são sonhos, tanto faz. Que vida tensa, a dos livres.
Um tanto invejo as pessoas que se pensam assim, livres. E se assim pensam, é desse modo que se sentem. Acontece que perceber o sopro da aragem não é ser a brisa. O mesmo vale para a liberdade. Tê-la e precisar vigiar para mantê-la a torna precária. Uma prisão continua sendo isso, mesmo que a disfarcemos de casa com vista para Deus. Talvez a diferença entre os habitantes dos presídios e os que vivem do lado de fora seja essa: os presidiários sabem que estão presos.
Uma das conclusões que essa conversa me leva? Somos livres quanto menos vigiamos o que conquistamos de material ou imaterial. E prisioneiros de remendos quanto mais defendemos o direito de existirmos segundo e seguindo nossa essência. Parece que isso quer dizer ser quem se é. E estar onde se deseja. ***